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sábado, 31 de janeiro de 2015

Da Roca a Sintra.

Domingo, 25 de janeiro, 44kms.

Os primeiros 17kms foram feitos na 25ª Corrida Fim da Europa, naquela que foi a minha estreia na prova. Correu bem. Tinham-me dito que havia um ponto critico, uma espécie de parede em forma de estrada e que para muitos dos atletas o grande objetivo é subi-la sem parar, coisa que consegui sem abrandar muito o ritmo; que o inicio é sempre a subir, cerca de 3kms, a ziguezaguear pela Serra, coisa que também fiz sem parar de correr; que o final é sempre a descer - coisa que eu, talvez por me dizerem sempre isso nos trilhos e nunca ser bem assim, não acreditei - e é mesmo sempre a descer, onde fiz bons ritmos e sem dores. Ao fim dos 17kms e 1h25' cortei a meta. Podia ter feito melhor, mas ainda me esperava um longo regresso até Sintra. Se quiserem ler mais detalhadamente sobre a Fim da Europa, podem fazê-lo aqui.

O regresso  do Cabo da Roca para Sintra há muito que estava pensado. Seria a correr, por trilhos, pelo meio da Serra, num percurso a rondar os 25kms. No final da Fim da Europa, trocar de roupa, de ténis, mochila às costas e foi ver 5 'manos loucos' a partirem com um sorriso na cara. 





O inicio foi perto do Farol, na zona mais ocidental da Europa. Do outro lado, quase que se via as Americas. Começámos bem, a descer. A descer bem! Por trilhos bastante técnicos cheios de rocha, vegetação e alguma areia solta. Mas como no final de qualquer subida há uma descida, o contrário também é verdade, e, quando demos por nós, estávamos a praticar escalada. Os primeiros 1500m foram feitos em 35minutos! Num cenário completamente deslumbrante, subimos por um single track rodeado de vegetação, que nos deixou sem ar nos pulmões, pela sua dificuldade e pela sua vista. Para onde quer que olhássemos só se via água. Foi, provavelmente, o lugar mais lindo onde já estive.








Passámos por outro grupo de pessoas decididas a enfrentar aquelas arribas, aquele sobe e desce louco que nos deixa os músculos das pernas a arder e o coração a bater 4 vezes mais o seu normal, ao mesmo tempo que nos enche os pulmões de ar puro a cada golfada de ar que engolimos.










Depois, e até entrarmos realmente na Serra, o percurso foi mais fácil e feito de estradões de terra batida. Até chegarmos à Azóia foi um tirinho, onde ainda nos deparámos com algumas subidas que nos fizeram andar grande parte delas. Pelo caminho, ainda parámos no Moinho de Don Quixote, um restaurante escondido perto da falésia, quase na Azóia, com uma vista fantástica sobre o oceano. Fomos, também, beber água fresquinha de uma fonte e descansar um pouco as pernas. Depois deste ponto, estávamos mais do que prontos para a Serra.





Quando entrámos na Serra o percurso ficou bem mais técnico e complicado. Seguir o caminho numa prova é relativamente fácil por termos as marcações. Seguir um track num GPS, já requer algum cuidado extra e muito de 'tentativa e erro' quando nos deparamos com uma encruzilhada e temos de decidir se viramos já ali ou na próxima estrada. Mesmo com 3 pessoas com o track no GPS, houve alguns enganos, mas que nos fizeram correr um pouco mais, o que também é bom.








O trilho estava bastante degradado, cheio de árvores caídas que dificultavam imenso a passagem. Ora tínhamos de trepar os troncos, ora tínhamos de quase rastejar para avançar. A juntar a isto, as chuvas recentes deram uma vivacidade extra às silvas que nos tentavam arrancar olhos, e tornavam perigosamente escorregadias as pedras com musgo. Este era um trilho essencialmente para bicicletas, pois as rampas para os saltos abundavam por ali. Não fossem as árvores a impedirem a passagem, e tínhamos corrido um pouco mais. Assim, muito desta parte do percurso teve de ser feita em andamento rápido. O que também não faltou no caminho foram pequenos altares de rituais voodoos, ou qualquer coisa do género. O 'melhor' que vimos foi um cheio de fruta e legumes, que metia a Carmen Miranda a um canto.






Depois desta zona, apanhámos, finalmente, trilho para correr, e não nos fizemos rogados. Fomos por ali abaixo, em plena comunhão com a Serra e a Natureza, ouvindo os pássaros e a água que passava num pequeno riacho. Foi das zonas mais giras do percurso, entre árvores, com o sol a iluminar o caminho. Felizmente, não choveu, o que nos permitiu desfrutar muito mais do 'pequeno' treino que estávamos a realizar. Por esta altura, já íamos com mais de 2horas de corrida e ainda mais de metade do percurso por fazer. Apesar disso, e como isto dos trilhos é para se apreciar, as paragens para as fotos eram uma constante. Aqui, de vez em quando, lá nos cruzávamos com outras pessoas que por ali andavam a passear. Vimos casais com bebés de colo, casais a passearem os cães, um grupo a fazer umas filmagens quaisquer - pelo sitio onde estavam a filmar, não me admirava nada que fosse um daqueles filmes com um guarda-roupa muito reduzido -, só não vimos foi outras pessoas a correrem. Foi então que demos com aquela que seria a segunda grande subida do percurso.

 

Ainda arriscámos corrê-la um pouco, mas rapidamente desistimos dessa idiotice e caminhámos-la. No final, e enquanto se esperava que o grupo se unisse, foi hora de comer qualquer coisa. Valeram-nos as sandes e napolitanas dadas no final da Fim da Europa. Dividimos a comida entre nós, reabastecemos forças, hidratámos o corpo e seguimos viagem. A coisa que mais gosto nisto dos trilhos, para além do desafio físico, é, sem qualquer dúvida, os locais por onde passamos e a sua beleza. Muitas vezes, se não fosse pelos trilhos, nunca seriam vistos. Desta vez, não foi diferente. Encontrámos uma lagoa 'secreta' linda onde aproveitámos para tirar mais umas fotos e deliciar os olhos. Ok, não seria secreta porque andava lá mais gente a pé, mas é certamente um local onde poucas pessoas vão.




Infelizmente, foi-nos impossível seguir o track tal como previsto, pois, num dos pontos, havia uma cerca que nos impedia de passar. Assim, tivemos que encontrar um caminho alternativo, o que nos levou a ter de correr por estradas de alcatrão. Com este desvio, fomos dar várias vezes a sítios com a passagem bloqueada, ou por muros ou por portões, e mais desvios tiveram que ser feitos. Já íamos com mais de 4horas e cerca de 20kms percorridos. Visto que seguir o percurso original não era possível e como nos estávamos a atrasar bastante, decidimos que o melhor era fazer a parte final pela estrada de alcatrão. Ao fim de 5horas chegámos a Sintra, mas não ao local onde iríamos acabar. Assim, parámos no mercado para comprar um pão com chouriço quente e seguimos até ao carro. Quando parámos os relógios tínhamos feito cerca de 27kms em 5h30', e 1800 de acumulado. Se juntarmos os 17kms da Fim da Europa, foram 44kms, ou seja, uma espécie de ultra pirata, que muita satisfação nos deu.






Para a História fica esta foto espetacular que diz quase tudo sobre aquele domingo maravilhoso.
Obrigado João Campos, Joel Silva, Zé Bernardino e Nuno Espadinha pela fantástica companhia!



Percurso Fim da Europa
Percurso Da Roca a Sintra

9 comentários:

  1. Respostas
    1. Piolha, foi para lá de maravilhoso! :D
      Doidos mas felizes! :D

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  2. Acho que depois deste treino a tua escolha para estreia numa ultra está mais que evidente: Monte da Lua! Até já lhe estudaste parte do percurso e tudo... ;)
    Bons treinos!

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  3. ahahaha, bela logistica!

    muito bom!

    Essa lagoa, é o quê? A barragem da Mula?

    Bom, pela contagem já deu...Ultra :)

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    1. Voltar de autocarro é para meninos! :D

      Acho que sim, que é a barragem da Mula, mas sem certeza.. :)

      Agora só já me falta fazer um Ultra sem uma paragem tão grande a meio dela! :)

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  4. Que belissima aventura! Sintra é tão linda!

    Um abraço

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