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terça-feira, 19 de maio de 2015

A escaldante Meia Maratona Douro Vinhateiro.

A esta hora já todos sabem que o Paulinho conseguiu completar a meia maratona em cerca de 2h10m. O que é um excelente e fantástico tempo, se tivermos em conta que é portador de Síndrome de Down, ou Trissomia 21. Mas acho que, apesar do seu grande feito, também podemos falar de mim.

Para eu poder dizer que estou em forma, terei que me justificar que redondo também é uma forma. Estou tão mal, mas tão mal, que já nem consigo correr 21kms seguidos sem parar para andar. Mas já lá vamos.

É assim o Douro Vinhateiro


No domingo, 17 de Maio, foi a X Meia Maratona Douro Vinhateiro, um prova inserida no circuito Running Wonders. Este é um circuito de provas que se realizam em património mundial. A bem falar, esta prova não estava de todo no meu calendário, nem tão pouco a conhecia, mas, num passatempo do Correr na Cidade, acabei por ganhar duas inscrições e aproveitei para um fim de semana de passeio, romance e desporto. Encontrei um sitio barato para passar a noite, na localidade do Mezio, e, no dia 16, arranquei em direção às encostas vinhateiras. Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi ir levantar os dorsais. O secretariado estava montado no Museu do Douro, a simular uma espécie de aldeia, com os vários stands. Foi tudo rápido e sem problemas. Deram-nos o dorsal, uma t-shirt técnica, um Passaporte que levou o carimbo desta prova e uma garrafa de Moscatel do Douro.

A vista do secretariado


Depois do kit levantado, hora de procurar o almoço e passear à beira-rio. Estava um calor infernal, o que previa que a prova seria dura, pelo menos, nesse aspeto. Depois de percorrermos a ciclopista, decidimos aproveitar as sombras para nos estendermos na relva. Não devem ter passado 10minutos até começar a ressonar que nem um pequeno animal. Acreditem, ou não, ainda passei pelas brasas durante quase 1 hora. A minha Maria diz que também dormitou (sem ressonar, claro!), e foi uma sorte ninguém nos ter lá ido gamar os chapéus. Mas a verdade é que se estava ali mesmo bem.


O local da sesta


Entretanto já estava a chegar a hora do jantar e decidimos ir para o Mezio, onde passámos a noite na Casa do Arco. Depois do jantar, hora de preparar tudo para no domingo sairmos de casa por volta das 8h. Ainda estávamos a uns 15minutos de viagem de carro, e queriamos tomar o pequeno almoço por lá, antes da prova começar.

Correr de alças sabe mesmo bem!


Domingo, 7horas e despertador a tocar. "Nem durante a semana me levanto tão cedo!", resmungou ela. Vestir, verificar se estava tudo ok e arrancar para Peso da Régua. Deixamos o carro num enorme espaço livre sem qualquer problema. Aqui, resolveram bem o problema do estacionamento para tanta gente. Tomar o pequeno almoço, apanhar o comboio e sair na estação da Barragem do Bagaúste. Faltava praticamente 1h30m para a prova começar (10:30) e o sol, cada vez mais alto, empurrava as pessoas para tudo o que era sombra. Quando faltavam pouco mais de 20minutos para o início, despedi-me da Maria e fui para a zona do pessoal da Meia Maratona. Quando lá cheguei, encontrei mais dois Gafanhotos e ali ficámos à espera do tiro. Ainda estava lá outro Gafanhoto, mas na zona da elite.

A mais bela e a mais quente!

A vista de cima da ponte

Três gafanhotos


A prova não começou à hora prevista. Teve, pelo menos no meu relógio, um atraso de 6minutos. Nada de muito grave, mas quanto mais tarde era, mais o calor apertava. Tiro de partida e lá vamos nós. Queria baixar o meu melhor tempo e conseguir baixar das 1h40m. Queria.... A disposição das encostas, cria um pequeno efeito enganador, uma perspectiva diferente da realidade. O que me parecia ser a subir era a descer, e vice-versa. A prova seguia sempre pela mesma estrada, começando para a esquerda a seguir à ponte (em direção a Pinhão) durante pouco mais de 7,5kms, e depois dando a volta em direção a Peso da Régua.

A prova é, de facto, muito bela - se é a mais bela não sei -, mas é, também, uma das mais quentes. A meio de Maio, às 11h da manhã, faz um calor imenso! Numa estrada de alcatrão, com rio de um lado e encosta do outro, sobra pouco para sombras. Com o sol a pique, as sombras estavam apenas a cobrir um pouco das bermas. Depois de conseguir ultrapassar uma quantidade considerável de gente, lá consegui estabelecer um ritmo constante de 4:44 - 4:47. Fui assim até ao km 14. Ia com pouco mais de 1hora de corrida. A cada abastecimento, duas garrafas de água: uma para beber, outra para despejar por mim abaixo. Sentia-me bem, o corpo estava a responder como queria e ia praticamente em piloto automático. Pensei que a manter-me assim, aumentaria a velocidade nos kms finais para conseguir novo PBT. Mas o sol abrasador e a quantidade de água que devo ter bebida, começou a fazer mossa no estômago. Sentia um enorme desconforto, sentia-o pesado e como se a água estivesse ali dentro em demasia. Talvez, por ter despejado água por cima de mim e ter aproveitado as mangueiradas dos bombeiros durante a prova, o corpo não sentiu tanta necessidade de transpirar, o que dificultou a absorção da água. Sei que ao km 15 tive que caminhar a primeira vez. Lá se foram os meus planos por água abaixo - literalmente! A partir daí, foi gerir e tentar ficar abaixo das 1h50m. Sempre que recomeçava a correr, o estômago dava sinais de não querer, e quando já não aguentava mais, caminhava. Pelo caminho, muita gente a passar mal, muita gente a receber assistência, alguma gente desmaiada. O calor era imenso, uma coisa mesmo escaldante, e as pessoas não têm o discernimento de abrandar o ritmo. Não vão ganhar a prova, mesmo que queiram bater o seu melhor tempo, a nossa saúde está sempre em primeiro lugar. Pelo menos, é assim que penso e foi assim que agi.
Os dois últimos kms foram sempre feitos a correr. Aqui já tínhamos o imenso apoio do público e a prova fazia-se pelas ruas de Peso da Régua. Num último esforço, aumentei o ritmo e consegui terminar a prova em cerca de 1h47m. ficou muito longe do que pretendia fazer, mas foi o melhor que consegui. Valeu a pena pela beleza da prova, da região e pelo passeio que dei. Não sei se a voltarei a fazer, mas recomendo-a a todas as pessoas.

Eu e a medalha de cortiça

O meu tempo 'oficial'

Olha eu na tv!!!

Uma foto de que gosto mesmo muito!


Falta, agora, falar do meu maior orgulho: a minha Maria! Foi a primeira vez que participou numa prova destas, e superou-a muito bem. Não foi na meia maratona, mas foi na caminhada dos 6kms, e fê-los em 51minutos. Para uma pessoa que odeia correr, vestiu bem a camisola e ainda me disse que correu quando as pessoas que iam à sua frente começavam a atrapalhar-lhe o ritmo. Não recebeu medalha no final, mas recebeu o meu beijo e abraço e reconhecimento, que é ainda melhor! Quem sabe, se, a pouco e pouco, a meto a correr!

4 comentários:

  1. Parabéns! à "Maria" e a ti, também, vá!

    Não deve ter sido nada fácil, o calor que estava, faço ideia da temperatura do alcatrão! Não ficáste com bolhas?

    Já li algures que no inicio esta prova era em Outubro...se calhar...

    Abraço

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  2. Parabéns, Ed! Não é fácil conseguir PBT em dias quentes. Geriste bem e fizeste os possíveis.
    Parabéns à "Maria" também. Aos poucos, vai lá. :)
    Beijinhos

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  3. Mesmo correndo um pouco mal, estás de parabéns! A mim pagavam-me a inscrição mas recusei porque correr nessas condições ia ser muito mau (e já tinha lido as experiências pelo menos do ano anterior).

    Parabéns também à tua rapariga! Já eu ainda não consegui pôr a minha a fazer nada :(

    Abraço

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  4. Viva à tua Maria!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Sim desculpa lá mas senhoras primeiro!! eheheheh
    Valentona... não tarde e anda a dupla a correr :D

    Quanto a ti, forte!! Muito forte!!!
    Não conseguiste obter o objectivo que tinhas mas o que interessa?! Acabaste bem e feliz e isso é o mais importante!!! :)
    E nem faço ideia do calor que estava ... assisti pela tv e via-se bem que estava calor em demasia!!
    Acho mesmo que para o ano a organização deveria reconsiderar o horário!

    Parabéns dupla maravilha!! :)

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